segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Medidas de Excelência - Encerramento do Serviço de Urgência Básica de Coruche

A 20 de Novembro de 2015 publica-se o despacho 13.427 do Ministério da Saúde no Diário da República onde se elimina o Serviço de Urgência Básica do Centro de Saúde de Coruche. Diz O Mirante que “Na região continuam afuncionar as urgências básicas dos hospitais de Tomar e Torres Novas, queintegram o Centro Hospitalar do Médio Tejo”. 
Ai… Médio Tejo… como a Terra Média, dos Hobbits… que lindo… e a que distância ficam essas urgências?
  

Tomar
Torres Novas
Santarém
Coruche
108
85
43
Azervadinha
114
92
49
Biscainho
118
96
53
Branca
127
105
63
Couço
115
111
70
Erra
91
94
51
Fajarda
110
88
45
Lamarosa
80
82
55
Montinho dos Pegos
108
85
43
Rebocho
118
96
53
Santana do Mato
130
108
65
Santo Antonino
107
85
42


Se à primeira vista parecem um bocado longe, vejamos como é que, afinal, isto é uma medida é de excelência, pois contempla possibilidades paralelas que talvez escapem a alguns, se não vejamos:
Falamos dos alunos das escolas porque esta garotada tem a mania de se aleijar, de cair, de ficarem doentes de repente, essas coisas, e vão agradecer penhoradamente a quem se lembrou de acabar com o serviço de urgência básica de Coruche pois desde essa altura abriram-se-lhes novos horizontes: passam a ir à urgência a outros locais, como Torres Novas, Tomar ou Santarém. De que outra forma poderiam as imberbes crianças conhecer Santarém, a capital do gótico, o belíssimo Convento de Tomar ou o labirinto de galerias subterrâneas conhecidas como Grutas de Lapas, em Torres Novas? Tomar tem os seus encantos, com o rio Nabão, praça de touros e tudo, e come-se muito bem em Torres Novas, ouvi dizer. Deixa de ser necessário as escolas perderem tempo com a organização de visitas de estudo pois estas fazem-se comodamente a bordo de uma ambulância e ainda por cima, com um elemento surpresa, pois não se sabe para onde nos levam.
Com certeza que a medida de encerrar as urgências básicas em Coruche foi tomada tendo em consideração estes aspectos, ou seja, foi um dois em um. Além disso, como as crianças não vão à urgência sozinhas, também os professores, educadores, auxiliares e mais uma fila de pessoas terá a magnífica oportunidade de fazer quilómetros e quilómetros, não perdidos, mas em missão dupla de acompanhamento e conhecimento das redondezas. Os pais farão os mesmos percursos, permanecendo ausentes do seu local de trabalho muito mais tempo, gastando imenso combustível, perdendo muitas horas, aumentando os trajectos de angústia e preocupação, mas que caramba, estão a passear também, isso não conta? Em vez de faltarem ao trabalho por uma hora ou duas, uma manhã ou tarde, vá lá, como acontecia com a urgência em Coruche, vão poder faltar dias inteiros! É uma oportunidade a nível cultural sem precedentes!
É claro que a Câmara nunca mais conseguirá outro galardão como o que lhe foi agora atribuído, porque aquele detalhezinho da saúde e da facilitação das medidas de conciliação entre trabalho e família, perdem-se pelo caminho, mas isso que interessa?
Por outro lado, em Torres Novas, Tomar, Santarém, Abrantes ou Vila Franca de Xira, estes dois últimos apontados como tendo urgência médico-cirúrgica, há pouquíssimas pessoas e o objectivo é também dinamizar as urgências por lá, pois parece que estão um bocado paradas, coitaditos…  Não é nosso dever ajudar os outros? Então, cooperemos! Vamos aplaudir esta medida que proporciona ainda, quando as deslocações forem nocturnas, uma melhor apreciação da chuva de Perseidas, e aceitemos com um abraço fraternal os desafios que se nos colocam quando no distrito de Santarém as chuvas deixam as estradas submersas e intransitáveis…
Pensemos nas crianças outra vez e tomemos a seguinte reflexão: não nos queixamos que estamos tempo demais longe delas? Ora os percursos podem também ser aproveitados para se fazerem os trabalhos de casa! Há que criar sinergias!
As áreas empresariais com as Zonas Industriais do Monte da Barca, do Couço e da Lamarosa também ficam muito mais bem servidas com a urgência básica de saúde a uma boa centena de quilómetros, o que lhes dá a possibilidade de fazerem um trabalho comparado com outras zonas industriais; por outro lado, não nos podemos esquecer do Desporto, que se pretende desenvolver e consolidar junto dos coruchenses e a bem da saúde. Como esta malta também tem tendência aos aleijanços e o facto de existir um serviço de urgência era encarado como uma mais-valia na organização de eventos, agora vão pedalar para Tomar, corram em Torres Novas e organizem actividades de rio em Santarém, pois é para lá que vão em caso de necessidade, deixando Coruche mais desafogada e tranquila, pois já se sabe que isto das corridas causa stress, e é preciso é calma! Continuo a dizer, só há motivos para aplaudir esta iniciativa.

Se fosse eu a mandar ia mais longe: os coruchenses iam ao serviço de saúde a Évora, património da Humanidade, aos Açores – que bela oportunidade de andar de avião! – e a Vila Nova de Gaia, que o Porto visto dali é lindo e maravilhoso. Mas não se pode ter tudo, há que nos conter. Ainda assim, anseio por medidas mais abrangentes, como o encerramento dos cemitérios: para tanto há que perguntar às pessoas onde gostariam de ser enterradas, fazendo uma lista de preferências e na altura enterram-se por esse Portugal fora de acordo com os locais eleitos, que transbordariam de flores. Se assim for, crescem as romarias a sítios que nunca viram dois carros a cruzarem-se e faz-se jus ao nome de Portugal como um jardim à beira-mar plantado.

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